‘Parasita’ mostra o que muitos se negam a ver

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Não, não vou dar spoiler do filme ‘Parasita’, antecipando cenas que podem atrapalhar suas próprias percepções. Assim, se você ainda não viu o filme, pode ouvir o que tenho a falar.

Parasita tem o poder de realizar uma espécie de parto a fórceps na mente do telespectador, visando eclodir uma empatia que negamos sentir pelos que vivem vidas tão próximas, e ao mesmo tempo tão distantes das nossas. O diretor do filme, Bong Joon-ho, realiza um raio-x das muitas teias que conectam o conjunto da sociedade, dando uma incomoda e constrangedora visibilidade àqueles que muitos desejam que permaneçam invisíveis.

Ele nos faz enxergar NÃO apenas as condições materialmente desfavoráveis entre as muitas camadas da sociedade, essas que não podemos negar quando vemos palafitas, casas em encostas só esperando a próxima chuva para desabar.

Ele nos obriga e descobrir quem está dentro dessas casas. Muitas vezes são pessoas que nos cercam, e mais que isso, ele nos leva a uma viagem profunda, dentro da alma, dos pensamentos e sentimentos das pessoas que ali SOBREVIVEM, numa espécie de radiografia das dores, nos levando a perceber, de forma contundente, como muitas vezes o olhar sobre o outro é de menosprezo, de desconsideração. Ele também nos faz entender o quanto esse apagamento pode ser sutil, mas não menos doloroso para quem o sente.

Bong Joon-Hu chamou Parasita de “filme escada”, num simbolismo que mostra os muitos degraus que aspiramos subir para mudar de classe social, e ao mesmo tempo os tantos que são empurrados para baixo, para que alguns subam, e alguns, apenas, permaneçam lá.

O lugar onde a família pobre vive não constrange apenas por parecer uma espécie de ante-sala do inferno arquitetônico, mas pelas emoções dos moradores que oscilam entre a mesquinhez e a apatia, também caminhando pela esperança e união familiar.

Como a ascensão no mudo de meritocracia não é tão fácil e romântico como muitos querem fazer crer, a família tentar “subir a escada social” se infiltrando nas brechas das fragilidades e das incompetências de uma família rica. Assim, simbolicamente, os moradores do andar de baixo e do andar de cima se encontram pelas necessidades que cada um tem de parasitar o outro.

Nessa luta de ascensão, o filme denuncia a briga dos que estão embaixo. Como náufragos que encontram um bote, derrubam quem está subindo, para ocupar aquele lugar de salvação. Muitas vezes não sobra espaço para solidariedade lá embaixo, mas não há culpa, pois todos só querem sobreviver, enxergar o sol.

O diretor nos faz ver que no andar de baixo não existem algozes ou vítimas, mas apenas companheiros de infortúnio, lutando para puxar uma máscara no cubículo despressurizado onde vivem para poder respirar.

Mas, como no Titanic, há mais gente afundando que botes disponíveis, por isso não é tarefa fácil culpar alguém que usa qualquer subterfúgio nessa luta por sobrevivência.

A casa da família rica é de uma beleza insípida. A vida dos moradores da mansão, projetada por um arquiteto badalado, mostra a falta de autenticidade dos que querem ter a mesma vida, os mesmos carros, as mesmas roupas de marca, e que nesse frenesi consumista, sem que dêem conta, estão presos num outra espécie de porão, prisioneiros pelo tédio do excesso e do ócio. Dos que, de tão acostumados com a beleza ao redor, vêem tudo apenas como paisagem de rotina.

Em uma de suas entrevistas o diretor do filme diz que:“existem pessoas que estão lutando muito para mudar a sociedade. Eu gosto dessas pessoas, e estou sempre torcendo por elas, mas fazer o público sentir a realidade nua e crua é um dos maiores poderes do cinema ”, E acrescenta. “Eu não estou fazendo um documentário ou propaganda aqui. Não se trata de dizer como mudar o mundo ou como você deve agir porque algo é ruim, mas mostrar o peso terrível e explosivo da realidade.”

De certo modo o filme denuncia o que muitos estudiosos e economistas têm observado dia a dia, o quanto cada vez está mais difícil ou quase impossível a mobilidade econômica.

Quando se fala em desigualdade e políticas compensatórias, cria-se a expectativa que apenas algumas medidas econômicas ou políticas, seja de governos de esquerda ou de direita, possam mudar esse quadro desolador. Nesse sentido parasita chega a ser pessimista, ou realista, depende do ponto de vista, pois ele denuncia IMOBILIDADE econômica de nossos dias como o novo normal, e olha que o filme é feito na rica Coréia do Sul. No filme o sonho da mobilidade econômica é apenas uma quimera que alimenta a ilusão dos que estão no fim da escada na esperança de um dia subir.

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